sábado, 9 de fevereiro de 2013

12º CAPITULO “Eu estava o perdendo” – AMOR EM GUERRA


 Quando em fim voltei a mim, eu estava na onde eu jamais poderia ter pensado que estaria. Como fui parar lá? Eu não deveria estar no exercito agora? Era possível eu estar de volta para casa?
Demi foi dormir tarde, esperava ter mais notícia, qualquer coisa que a acalmasse, havia esperado tanto naquele maldito canal e não teve nada que realmente a esclarecesse, talvez até tenha piorado sua situação, pois antes não tinha números, e em sua mente, poderia talvez, por um milagre, todos os soldados terem se salvado, mas não, havia mortos, havia feridos e ela não sabia nomes, não sabia quem, não sabia nada, nada que a pudesse fazer tirar sua conclusão, nada que garantisse que Joe estava bem, nada a garantisse que Joe estava machucado, nada que a garantisse que Joe estava vivo.
 Demi salteou de canal em canal, parava naqueles que estavam passando algum telejornal, mas nada lhe era acrescentado. Os mesmos números, a mesma falta de nomes.
 Ela se atreveu a pesquisar na internet, no desespero de pelo menos assim conseguir algo. Nesse ela conseguiu um pouco mais de informações, como algumas fotos, números atualizados de vitimas tanto para os americanos e ingleses tanto para o talibã, porem nada que ela realmente queria. Ela tornou sua atenção para TV novamente e deixou ligada no primeiro canal, quem sabe logo teria o plantão e com isso eles a acalmariam de vez? Porem nada mais foi dito. Não antes que o sono a vencesse.  

Como consequência de ter dormido tarde, Demi acordou em cima da hora, já que em seu sono profundo, o barulho do despertador não foi o suficiente para desperta-la. Se não fosse seu habito acordar cedo, que adquiriu ao passar dos anos, provavelmente ela teria perdido a hora completamente. O que não a faria mal, pois o estresse da semana, que mal havia começado, estava deixando-a em um péssimo estado. As noites eram mal dormidas e dos dias preocupantes. Se ainda fosse uma criança pedia ao pai para faltar de aula e caso ele não deixasse de primeira, ela logo começaria a fazer cara de manhosa até conseguir derreter o coração do pai e poder escutar de sua boca um ‘sim’ como resposta. Este era um dos poucos caprichos que Demi se permitia ter quando menor. Este hábito foi se tornando mais raro quando cresceu e foi abolido de suas ações quando sua mãe morreu, no começo ficar em casa era o mesmo que implorar para lembrar sua mãe, Demi tampouco queria esquece-la, mas as lembranças a machucavam de mais.

No primeiro momento, talvez pela sonolência ou talvez por não estar totalmente acostumada ainda, ela nem percebeu que estava sozinha, mas depois de lavar a cara e começar a preparar seu desjejum ela se deu conta de que Denise não havia ido. Demi olhou melhor pelo pequeno apartamento e Denise realmente não havia ido, tampouco ligara para ela, nem no celular e ao olhar a bina do telefone, nem para o fixo, se não fosse por Oliver, que a seguia a todo canto, ansiando por um carinho da dona, mesmo tendo recebido um belo abraço a pouco, Demi estaria completamente só.
 Acontecera alguma coisa? Ela estava atrasada? Ela estava cansada? 
Na duvida resolveu se acalmar talvez Denise desse sinal de vida mais tarde.
Como ela já tinha acordado atrasada sua rotina teve que ter uma leve mudança, não havia tempo para levar Oliver para passear, o banho teve que ser bem rápido, só para disfarçar a cara de sono, o café da manhã foi fraco, levando em conta dos que vinha recebendo ultimamente, graças a Denise, mas seria o suficiente para ela esperar até o recreio dos meninos na escola. Bom, na verdade era o que ela esperava, pois sabia que sua fome estava ficando cada vez mais insaciável.

Assim que estava saindo de seu apartamento, uma figura com farda completa do exercito, incluindo o boné, saiu do elevador. O coração de Demi disparou. Seria Joe? Ele havia voltado? Sem avisa-la?
Mas assim que sua visão melhorou ela pode ver que não era Joe, não era ninguém que ela conhecia, mas ainda sim ele vinha em sua direção.

_ Senhorita Jonas? – perguntou o homem. Sua voz era grossa, o que se podia esperar, já que ele era um moreno forte e que deveria ter quase 1,90, mas Demi pode perceber a pontada de tristeza que havia nela.
_ Sim, sou eu. – respondeu Demi com um pouco de receio. O homem tirou o boné da cabeça e pós em seu coração.
Aquela era a visão que Demi mais tentava se afastar, ela tinha medo de que um dia isso poderia acontecer com ela. Tudo isso era tão injusto, poderia ser um erro? Ela ainda estava sonhando? Era um pesadelo? Alguém poderia acorda-la? Porque ela não estava gritando? Porque não fugia? Porque não acordava?
_ Senhorita Jonas, sinto muito...

JOE

Eu estava no quarto em que dormíamos parado do lado da cama, a janela estava fechada, mas a cortina estava aberta, fazendo que a luz pudesse entrar e iluminar todo o quarto, a cama ainda estava bagunçada, o que não é muito comum, pelo menos quando eu estou aqui, pois Demi sempre tenta não deixar a bagunça acumular, pois sabe que depois vai ter preguiça de arrumar. Quando toquei nos lençóis percebi que ainda tinha o calor de Demi neles, ela não deveria ter acordado há muito tempo, me aproximei mais e eu pude sentir seu cheiro, era bem forte, bem mais forte do que eu lembrava. Talvez fosse a saudade que me fez ter esta sensação.
Sai do quarto e fui para a sala, lá pude encontrar Oliver, deitado diante da porta, provavelmente ficaria lá até a hora que Demi chegasse.
_ Oliver. – chamei-o enquanto batia com a mão, para atrai-lo, assobiei quando vi que ele não me escutou. _ Oliver. – chamei novamente, me aproximando dele. Só aí que ele me percebeu e antes que eu pudesse toca-lo, ele se levantou e começou a me latir compulsivamente. Parecia estar com medo. _ Ei Oliver. – falei tentando parecer o mais amigável possível. _ O que está acontecendo rapaz? – perguntei tentando me aproximar mais ainda. Ele nunca foi assim, sempre me recebeu feliz, com o rabo abanando, porque agora ele resolveu ficar latindo para mim como se eu fosse um completo estranho? Porque ele se esquivava da minha aproximação como se eu fosse perigoso? Eu fiz algo que não me lembro contra ele? Eu tampouco me lembrava de como cheguei ali, talvez eu, no meio da minha inconsciência, o machuquei sem querer.
Tentei ir me aproximando dele mais e mais, e ele ia se afastando, ganhando distancia de mim a cada passo que eu dava, ele ia de ré, não parava de me latir em nenhum momento, e por varias vezes me rosnou mostrando seus dentes. E nessa fomos até que ele deu de bunda na parede, não tinha como fugir, assim eu entrei em ação e o acarinhei na cabeça, com cuidado para que ele não me morder, ele ainda mostrava os dentes, mas começou a ceder aos meus carinhos.
 _ Ei garoto, porque tanto medo? Fiz-lhe algo de mal? – perguntei a ele, fazendo aquela voz idiota que toda pessoa faz quando fala com um cachorro ou uma criança. Continuei a acaricia-lo até que percebi que ele já estava realmente calmo. Tentei pega-lo no colo mais não consegui, foi como se ele escorresse dos meus dedos. Seria isso possível? Eu fui treinado para carregar canhões com mais de 100 quilos caso fosse necessário, como que um cachorro que não deveria pesar nem mesmo 7 quilos poderia escapar por minhas mãos, como se eu não tivesse nenhuma força em mim?
Tentei novamente e não o levantei nenhum centímetro, uma brisa faria mais diferença nele do que meu toque nesse momento. Eu não estava fraco, eu ainda tinha meus músculos no braço e eu estava me sentindo com a força de um leão. Então porque cargas d’águas eu não conseguia pegar aquela pequena criatura nos braços? Eu estava doente e não sabia? Era esta doença que me impedia de lembrar-me de como cheguei aqui? Tudo isso foi por causa do barulho? Por causa da dor? Por causa da luz?

DEMI

Eu estava no alto, minha vida era boa, eu tinha meus problemas, mas eu era feliz, afinal das contas e impossível tudo ser perfeito.
 Eu tenho o emprego que sempre quis, eu tenho amigos, poucos, mas confiáveis, uma família que me apoia e que me faz bem, tenho o marido, o melhor que eu podia ter encontrado e eu estou esperando uma criança. Não tinha como ser melhor. Eu não podia reclamar.

Mas aí eu caí, eu encontrei o abismo. Eu fui alto de mais e cai, levei um tombo maior do que eu poderia ser capaz de aguentar. “Eu sinto muito” A voz grossa e triste daquele homem ainda ecoava em minha mente, as lagrimas caiam descontroladamente dos meus olhos, meus joelhos bambeavam, eu fiquei paralisada em meu choque, havia gritos que se entalaram em minha garganta. Eu queria tanto berra-las, queria tirar aquela dor de dentro de mim, mas eu só sabia chorar.
Isso não é justo, não poderia ser verdade. Tudo aquilo era demais para mim.
“Ainda há chance para ele” lembrava-me das palavras daquele homem desconhecido, ele tentava me acalmar, mas não me servia de nada aquelas palavras.

Eu ainda chorava enquanto fui encaminhada por aquele homem ao hospital, Joe ainda não tinha chegado lá, ele tinha ido para um hospital na Inglaterra primeiro, onde recebeu os primeiros cuidados, assim que achara que sua condição era estável o suficiente o liberaram para vir para Carolina do Norte, ele não iria vir para Fort Bragg, iria para capital, Raleigh, pois lá teria hospitais como melhor infraestrutura para o caso dele, ele ficaria no Duke Raleigh Hospital, é dos melhores do estado e o governo pagaria por qualquer despesa.

O homem não sabia muito o que deveria fazer comigo, provavelmente não fora preparado para lhe dar com situações onde a emoção fala mais forte, afinal o exercito não quer homens chorando por qualquer coisa. Porem o pouco que minha visão embaçada pelas lagrimas me permitiam ver eu vi em seu olhar a preocupação e a vontade que ele tinha de que eu melhorasse que eu parasse de chorar, eu deveria o estar apavorando também, mas eu nada pude fazer, a tristeza era maior.
Eu estava o perdendo.

                CONTINUA...

Lembro de nós dois
Sorrindo na escada aqui
Estava tudo tão bem
E de repente acabou
Menos de um segundo – Rosa de Saron
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Olá, mais um capítulo postado, espero que gostem. Tentarei postar mais um capítulo até segunda, caso chegue segunda as duas da tarde e eu ainda não tiver postado quer dizer que eu só vou voltar a postar no próximo domingo.
Não se esqueçam de comentar/Avaliar
Bjsss.

Juh Lovato: Acho que você matou a charada, é ele mesmo que está em coma. Postado, espero que goste. Bjss linda.
Anônimo: Que bom que você gostou da fic, seja bem vinda nova leitora e muito obrigada. Postado, espero que goste. XOXO

Um comentário:

  1. Oi!
    Desculpa a demora. Fiquei um pouco sumida do blogger mas voltei.
    Gostei muito dos capitulos.
    Posta logo.

    Beijos.

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