sábado, 16 de março de 2013

21º CAPITULO “Boas vindas” – AMOR EM GUERRA




Existe uma criança que em cerca de 6 meses nascerá, e esta criança pode não ter a oportunidade de conhecer o pai pessoalmente, teria que se contentar com fotos e historia de como ele era, de como seus pais eram felizes juntos. Ela seria mais uma órfã da guerra.

O tão esperado e temido dia havia chegado, a última visita havia se acabado e os médicos agora já se preparavam, a sala de cirurgia já estava pronta. A cirurgia que poderá ser a salvação, ou não, de Joe iria acontecer.

_ Nesta primeira cirurgia será retirada a bala...
_ Ela já não tinha sido retirada? – perguntou Denise, interrompendo o doutor Ian.
_ Não senhora Denise, ela não havia sido retirada, no estado em que seu filho chegou aqui não era possível retirar o projetil. – respondeu, pacientemente.  _ Sabemos que a bala está localizada na parte superior da cabeça de Joe, e que ela ultrapassou o crânio e está a alguns centímetros do cérebro.
_ Então se não atingiu nada, porque ele esta em coma? – atrapalhou Denise novamente, ela estava ansiosa e não parava de fazer perguntas.
_ Como eu havia dito, a bala chegou a ultrapassar o crânio, os pedaços danificados dele que atingiram o cérebro. – falou. _ Após esta cirurgia poderemos fazer alguns testes e induções de despertar. – Denise já iria lhe interromper, para perguntar o que significava “induções de despertar”, mas antes que a primeira palavra saísse de sua boca, Ian explicou. _ Indução de despertar e o mesmo que tentar fazê-lo acordar, induzir ao corpo a voltar a trabalhar por si. – começou a explicar. _ Não é algo muito complicado, mas seria impossível de fazer antes da cirurgia. Consiste em apenas diminuir a potência de algumas maquinas por um curto espaço de tempo...
_ Vocês vão desligar as maquinas? - perguntou Demi, deixando sua preocupação transparecer sua voz. 
_ Não iremos deligar a maquina, iremos abaixar a potência de alguns, para ver se o corpo dele reage. – explicou, mas ao olhar para Demi viu, pela sua expressão, que ela não estava acreditando. _ Minha intenção não é matar seu marido senhorita Demetria, estou aqui para salva-lo. – falou.
_ Desculpe, mas não é o que parece. – falou dura.
_ Demetria. – Eddie chamou sua atenção.
_ Eu só estou falando o que eu acho. – respondeu, sem se importar em abaixar o tom duro, ignorando o fato de estar respondendo o pai.
_ Eu sei que talvez você tenha ficado um pouco assustada por eu ter dado a opção de eutanásia, mas você precisa entender o meu lado. – pediu Ian.
_ Para você é só mais um paciente, se ele morrer será apenas mais um. – falou Demi, se segurando para não chorar. _ Para mim é meu marido, pai do meu filho. Tente entender o meu lado. – finalizou.
_ Quando eu me formei, eu prometi salvar vidas, seja ela de quem for. Muitos em meu lugar poderiam já ter desistido, eu não vou mentir, a situação do seu marido não é animável para ninguém. – falou Ian. _ Mas eu sou persistente, eu não irei desistir de tentar salva-lo. – finalizou. Talvez fosse por ter sentido a sinceridade em sua voz, ou talvez por que é melhor se agarrar a palavras boas, de esperança, do que deixar-se afundar em seus medos e insegurança, mas Demi acabou concordando e dando um voto de confiança a Ian. _ Não podemos garantir que só com esta primeira cirurgia o corpo dele reagirá ao processo, mas se tudo ocorrer como o previsto, as chances de sobrevivência aumentarão consideravelmente. – avisou, para não haver cobranças depois. _ A cirurgia é grandiosa e arriscada, mas, além de mim, terão outros médicos, bem experientes, ajudando na cirurgia. – Encerrou. _ Eu darei o melhor de mim para trazê-lo de volta. – disse Ian.


DEMI

Já haviam se passado 10 minutos, para mim, foi tempo suficiente para que o desespero mais ansiedade dominasse meu corpo por inteiro. A cirurgia é bem complexa, o tempo mínimo dado por Ian é de 10 horas de cirurgia. Se em 10 minutos eu já estava prestes a entrar em colapso, imagina em 10 horas de espera?
Apesar de todos saberem que cirurgia de Joe era hoje, poucos compareceram no hospital, além de mim, Denise, Paul, Logan, Miley e meu pai, aqui estavam apenas o avô paterno de Joe, Carlos, um dos tios dele, no caso Daniel e sua mulher, Marcelle, um amigo de infância de Joe, na qual o nome é Nick e um soldado, que ainda não havia sido mandado para uma missão desde então, Kevin. Pode parecer muito, mas assim que a notícia se espalhou pelos telejornais o saguão perto do quarto do Joe ficava mais movimentado que um show gratuito de um artista muito famoso, chegava até ser um pouco claustrofóbico. Joe acima de tudo sempre foi um bom amigo, por isso o número grande de visitantes não era tão surpresa assim, mais mesmo sendo bom ter todas aquelas pessoas por perto, isso me prejudicou, pois nestes últimos dias pouco falei com Joe, senti-lo eu sinto muito, praticamente todo o momento eu sentia seu toque, mas quase nunca posso ter meu momento de falar com ele, sempre tem alguém em cima de mim, nem mesmo em casa eu estou tendo os meus momento sozinha.

Nick e Kevin conversavam de pé, Kevin estava escorado na parede, já Nick não. Eu não sei se ambos já se conheciam, mas pelo jeito em que conversavam dava a impressão que sim. Meu pai e Logan estavam sentados, meu pai bem ao lado da minha cadeira e Logan ao lado dele, meu pai estava sentado apoiando os cotovelos na coxa e a cabeça entre as mãos, ele estava cansado, a rotina de passar noite em claro no hospital, cuidar de mim – mesmo eu insistindo que não precisava – e, quando Logan não conseguia manter sozinho, trabalhar na oficina, estava esgotando com toda sua energia, ele não tem mais idade para uma vida tão agitada, ainda mais que ele sempre teve uma forma bem calma de vida, com regras e horários seguidos a ponta da letra – daí que eu puxei a mania de seguir uma rotina – de repente ser obrigado a largar todo aquele confortável ritmo de vida, quase pacata, tendo que dar conta de três coisas, consideravelmente estressantes, não era fácil para ele, mesmo ele falando que está bem.  Eu sei que se ele pudesse dormir por quatro dias seguidos, ele faria de bom grado.
Logan, sentado ao lado de meu pai, está sentado da maneira mais esparramada possível na cadeira. Normal. Talvez eu devesse agradecer só pelo fato de, durante estes últimos dez minutos, ele tenha se mantido quieto. Para ele quietude nenhuma é bem vinda, isso desde o tempo de escola, em que as professoras sempre reclamavam que ele não conseguia ficar sentado na sala de aula, sempre começava a zanzar de um lado para o outro. Teve uma vez que até sugeriram a meu pai para leva-lo para um psicólogo para ver se ele tinha algum problema mental. Meu pai até chegou a levar, mas acabou constatando que ele só tem uma personalidade muito agitada, tem muita energia acumulada, nada que se deva preocupar muito. Eu sei que ele está odiando ficar aqui e estou um pouco curiosa para saber como ele vai ficar até o fim da cirurgia.

Miley está do meu outro lado, em silêncio, eu sei que ela quer falar algo, algo que possa me confortar ou me tirar do nervosismo que eu estou, ela sempre está muito preocupada em me consolar e manter minha mente no lugar, mesmo que algumas vezes eu acabe descontando um pouco nela. No fundo agradeço por ela não estar sabendo o que dizer, a conversa de que tudo vai dar certo só me deixava mais ansiosa.
Paul estava do outro lado do corredor, sentado com uma expressão vazia, no fundo penso que ele já perdera as esperanças de ver o filho acordar, as vezes, a maneira que ele fala deixa esta impressão, o que não é nada bom, pois se ele quiser desligar as maquinas e conseguir convencer, ou melhor, obrigar Denise a autorizar também, aí não terá mais volta, mesmo Joe sendo maior de idade e casado, a voz dos pais dele que está valendo agora, minha objeções pouco seriam escutadas diante das deles.
Denise, visivelmente, é a mais desesperada, por assim dizer, assim que doutor Ian deu suas explicações e fora para a sala de cirurgia, ela pegou seu terço que sempre carrega em sua bolsa e ajoelhou-se no corredor, que por sorte é largo o suficiente para que, mesmo ela estando ajoelhada e tendo cadeira nas duas extremidades, possa haver um trafego de pessoas, sem incomodar ninguém. Ela já estava ajoelhada e rezando o terço, tão fielmente que rezava de olhos fechado, a dez minutos e mesmo não sendo muito jovem mais, eu posso apostar que ela ficará daquele jeito durante as dez horas da operação. 
O tio e o avô de Joe estavam sentados do lado de Paul e conversavam em alguns momentos, já Marcelle, um pouco alheia a toda situação, a todo o momento mexia no celular. No primeiro momento eu achei ofensivo. Oras, todos lá estavam sofrendo e ela para pra olhar o celular? Mas depois acabei descobrindo que ela estava resolvendo coisas da empresa deles, Marcelle e Daniel tem uma pequena fabrica de peças automotivas no Texas, a empresa anda crescendo bem ultimamente, provavelmente o tempo que eles estão ficando aqui poderá ser sentido no futuro.


Eu precisava de alguém para seu meu pilar durante este tempo, alguém que não me repreendesse, que não tentasse me distrair, eu não quero distrações, eu só preciso de compreensão.  
Miley? Melhor não, ela mesma não sabia o que dizer agora, eu não posso exigir mais do que ela esta me dando todo este tempo. Paul? Definitivamente não é uma boa ideia. Kevin, Nick, Daniel, Marcelle ou Carlos também estão fora de cogitação. Meu pai? Não seria uma má ideia se ele já não estivesse esgotado demais. Logan? De todas as opções até agora ditas, é a melhor, ele até iria gostar, já que assim faria algo, porem Logan, como sempre, acabaria sendo uma fonte de distração, e como eu disse, eu não quero que me distraia, eu quero apenas compreensão. Denise até seria uma boa, ela, assim como eu, estava desesperada, a única diferença é que eu estou tentando esconder, enquanto ela em nenhum momento deixou de demonstrar o quanto tudo vem lhe afetando, porem eu jamais seria capaz de atrapalha-la agora. Ela sempre foi uma pessoa muito religiosa, não seria agora que ela não seria.
Olhei novamente no relógio em meu pulso. Tempo transcorrido da operação: 13 minutos. Oh céus! Eu já estava achando que tinha passado no mínimo uns quinze minutos da minha última olhada a aquele mesmo relógio e apenas tinha passado três minutos?

_ Aonde você vai? – perguntou Miley ao ver-me levantar.
_ Eu vou tomar um ar fresco. – respondi.
_ Quer que eu vá com você? – perguntou.
_ Não. – respondi. _ Desculpa, mas eu estou precisando de um tempo sozinha. – Miley concordou, ao olhar meu pai, que levantara a cabeça para observar o que estava acontecendo, vi que ele não ficou muito satisfeito, mas não interferiu.

Na verdade eu não estava a procura de ar fresco, como disse a Miley, eu estava procurando um local em que eu pudesse entrar em contato com Joe, com o passar do tempo percebi que ele é o único que pode me acalmar agora.

O Hospital é muito grande, mesmo já estando aqui há muito tempo e aqui tendo virado quase que minha segunda casa, eu ainda não tinha conhecido todos os cantos deste hospital. Porem eu sei que existe uma área, que se parece com um jardim, não é muito grande e fica na parte de trás do hospital, não é nada fantástico, tem algumas cadeiras parecidas com as que se encontra nas praças, e seu chão é todo gramado, tem apenas uma árvore, uma mangueira, que esta carregada de mangas nesta época do ano.
O local não é muito frequentado, apenas alguns pacientes que necessitam tomar um pouco de sol e podem sair da área do hospital vão para lá, mesmo sendo um espaço aberto a todos. Acabei encontrando o lugar por puro acidente, quando tinha muita gente querendo visitar o Joe e me impediram de ter meu tempo normal de visita, acabei ficando estressada e sai andando pelo hospital feito um desequilibrada, só parei quando achei este local.
Provavelmente tem uma maneira mais fácil de chegar neste jardim, mas o único percurso que eu conheço se é necessário atravessar o saguão de entrada, nunca reclamei, mas hoje definitivamente ir por aquela direção me proporcionou uma desagradável surpresa.
Andando entre todos e indo em direção de onde eu havia acabado de sair.
Ele e seu sorriso sínico.
Ele me viu, mas não parou sua caminhada.
Hoje não tem Miley e ninguém que me possa impedir de o pôr em seu lugar.
Parei no lugar em que eu estava, esperando que o seu percurso se encontrasse com a minha localidade. Eu, com todo o prazer, lhe daria as boas vindas.

             CONTINUA...


Capítulo postado. Provavelmente só postarei o próximo na terça.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjsss.


Eriimiilsa: Aww obrigada, digamos que não foi o melhor que eu já escrevi, mas fico feliz que tenha gostado.
Quem sabe no próximo capítulo a Demi põe o Rick em seu devido lugar?
Fico lisonjeada com os seus elogios e demonstração de envolvimento com a historia. Bjss linda.
Diana (DSP): Que bom que você gostou, talvez não tenha ficado tão ruim... Mas poderia ter ficado melhor. Muito obrigada linda. Bjss. 

2 comentários:

  1. OMG ........ é o tal comandante né ... affs , ele não tem o menor direito de estar lá #desgraçado! #que #raiva

    possta logoo , linda ♥ bjss da Juh que te adora

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  2. ahhh , pode sim pedir amizade no face amr =))

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