terça-feira, 26 de março de 2013

23º CAPITULO "Nada além da paz" – AMOR EM GUERRA


_ Desde que começou a cirurgia que eu não o sinto mais. – disse Denise, aparecendo do meu lado e me assustando. Então ela também o sentia? Ela ainda segurava seu terço na mão. _ Eu acho que ele se foi.

E se? E se o fato dele não estar aqui ao meu lado agora realmente significar que ele morreu? Eu não queria me desesperar agora. Eu tentava achar uma explicação logica para tudo isso, mas, como achar uma logica em algo que por si só já é ilógico? 
Apenas uma de uma coisa eu estou certa. Aconteceu algo.
Podemos dizer que ele tenha se recuperado graças a cirurgia e por isso não esta mais aqui, para mim esta é a explicação que eu mais gostaria que fosse real; poderíamos dizer que por causa da cirurgia ele ficou incomunicável, improvável, mas é uma hipótese; e por último, na mais devastadora hipótese, Joe havia morrido e com isso seu espirito não estaria mais conosco. Mas, se a última opção fosse real já teriam nos avisado, certo? Na verdade não sei, mas pensar assim é melhor.  
Luto contra as palavras de Denise. “Eu acho que ele se foi”. Não! Eu não quero acreditar que ele tenha ido. Ian prometera que faria seu melhor para tentar salvar Joe e eu confiei nele. Confiei e ainda confio, eu confio que ele não deixará Joe falecer em suas mãos.

Eu e Denise conversamos mais um pouco, na esperança que nossa conversa fizesse com que o tempo passasse mais rápido e nos fizesse esquecer o pavor que esta tomando conta de nós.
Denise me confidenciou que sentiu o toque de Joe no primeiro dia de visitas, assim como eu, porem pensou estar louca, ela até tinha falado sobre isso a Paul, na esperança de não ser a única, mas ele a reprimiu, dizendo que ela estava ficando louca. Paul não é uma má pessoa, mas desde que Joe fora internado ele tem se mostrado bem menos controlado, sempre quieto, pouca conversa e estressado na maior parte do tempo, porem todos sabem que é coisa do momento, o terror de perder o único filho o fez ficar assim, mas eu sei que assim que Joe acordar ele ficara melhor, ele nunca irá mudar, ele nunca se transformará em alguém como Rick.
Denise também me disse que achava que eu também sentia Joe, pois, ao contrario do que eu mesmo achava, ela me observava e disse que não importava se eu saia com os olhos vermelhos de tanto chorar do quarto do hospital, eu sempre saia mais animada, como se mesmo triste houvesse algo em mim que dissesse que não há motivos para desistir. Mesmo considerando a hipótese de eu também senti-lo, ela não falou nada comigo, pois temia que minha reação fosse a mesma de Paul.
Não a condeno, eu mesmo escondi de todos isso, conheço muito bem meus amigos e familiares, sei que eles jamais acreditariam em minha palavra. Esconder me pareceu melhor, pois eles poderiam começar a tentar me afastar de Joe com o intuito de manter minha mente sana.

Talvez, nos fim das contas, Denise e eu sejamos loucas.

Ficamos naquele jardim por quase duas horas, até que a tranquilidade começou a ser torturadora. Estava claro que Joe não apareceria, nossa conversa já não ajudava em nada a nossa distração, já que os assuntos variavam em Joe e como eu criaria nosso filho caso ele venha a falecer.
Voltamos para o corredor da espera e pouca coisa havia mudado.
Meu pai ainda estava sentado, mas lia uma revista, Logan estava em pé, encostado na parede, Paul, Carlos e os tios de Joe continuavam da mesma maneira, assim como Miley, que só tinha mudado de posição, cruzando sua perna direita. Kevin e Nick haviam sentado e junto a eles tinha alguém que eu conhecia muito bem, e tinha até me surpreendido por não ter vindo antes.
Thomas.
Assim que ele viu eu e Denise chegarmos, prontamente se levantou de seu lugar e nos abraçou forte, nenhuma palavra, apenas um abraço, que por si só já significava muito.
Thomas é um capitão aposentado do exercito, ele foi o capitão de Joe nos primeiros 9 meses dele no exército, porem depois que aposentou Rick tomou seu posto.
Thomas é uma pessoa totalmente diferente de Rick. Velho, com uma careca bem visível e rugas que não o deixa ocultar seus 64 anos de vida, Thomas, apesar da crueldade e da tristeza que já teve que presenciar no exército, é a pessoa mais pacifica, calma e gentil que eu já conheci.
Não sei como ele era como comandante, mas é de se duvidar que ele conseguia alguma coisa, seu tom de voz é bem fraco para o normal, sempre fala em um tom de voz inalterável, baixo, suficiente apenas para quem esta ao seu lado escutar e mais ninguém. Sabe escutar como ninguém e em poucas palavras pode fazer você rever toda sua vida. Apesar da idade e das rugas ele ainda apresenta uma saúde invejável, nenhuma bengala ou óculos para auxilia-lo. As únicas marcas da guerra estão em seu braço esquerdo que tem manchas da queimadura que o deixou internado por quase 6 meses no hospital, ainda sim, com o braço todo queimado, ele voltou para o exército e se tornou capitão. Só se aposentou quando percebeu que era melhor parar, ele era o mais velho da corporação e sabia que já havia chegado o momento de parar, coisa bem difícil no exercito, primeiro, soldados morrem cedo ou então se aposentam com pouco tempo de serviço. Thomas foi um caso a ser estudado.

_ Admiro sua força. – falou ele, ele já havia parado de conversar com Kevin e Nick e agora viera falar comigo, aproveitando que meu pai fora fazer uma refeição, junto a Logan, Miley e Denise. Prometi que iria depois e consegui convence-los depois de muita discussão.
_ Obrigada. – eu disse. Eu não me via com muita força, mas se eu estava conseguindo mostrar para todos uma força inexistente, era melhor, pois assim ninguém ficaria preocupado comigo.
_ Sabe Demetria, quando eu vim, eu havia trazido uma pessoa comigo, porem esta desistiu de entrar depois de ter sido derrotado. – falou. Olhei para ele com uma cara de desentendimento, o que ele queria dizer? _ Rick. – esclareceu. Virei os olhos e ele riu. _ Mas uma para a lista de “Pessoas que odeiam Rick”. – falou humorado. Eu não pude deixar de dar uma leve risada.
_ Ele não é uma pessoa muito agradável. – falei, por fim.
_ Concordo plenamente. – disse ele. _ Mas ele tem seus motivos. – falou.
_ Você não vai me fazer gostar dele. – deixei claro. Thomas é uma pessoa muito boa e amiga, claro que acabaria sendo amigo de Rick, e provavelmente agora tentaria me convencer de que ele era uma boa pessoa, assim como Joe havia me dito uma vez. Não me importa se a mulher dele morreu. Minha mãe também morreu e meu pai nunca chegou para uma mulher gravida dizendo que queria que ela perdesse o seu bebê. Ninguém me fará rever meus conceitos contra Rick.
_ Acredite, não é esta a minha intensão. - falou ele. Houve um tempo de silêncio. _ O que você disse exatamente a ele? - perguntou Thomas.
_ Eu disse que ele era frio do jeito que é porque havia sido traído pela mulher. - resumi. Não foi preciso dizer nada, apenas a cara de dor, misturado com pena que inundou a rosto de Thomas, dizia tudo, eu tinha feito uma grande borrada. _ Eu não sabia ok? Eu não sabia que ela tinha morrido. - tentei me defender, mesmo sabendo que isso de pouco adiantaria. Thomas respirou fundo antes de começar a falar.
_ Eu conheci Rick antes dele ir para o exército, eu o conheci bem antes disso. Eu pude conhecer o real Rick. Tanto ele quanto eu morávamos aqui em Fort Bragg, eu já estava em treinamento para me tornar soldado quando Rick se casou. Eu mesmo tive o prazer de ser padrinho de seu casamento. - falou com um sorriso de canto no rosto, a lembrança do antigo Rick parecia fazê-lo bem. _ Eu já tinha sido enviado para a guerra, mas quando tirei licença recebi a noticia de que Rick e sua mulher tinham se mudado para Nova York, ela trabalhava como secretaria e ele havia se tornado bombeiro.
 _ Ironia. - falei, interrompendo-o. _ De salvador de vidas a matador. - disse pensando alto, esquecendo-me de que tanto Thomas quanto Joe eram soldados e poderiam ter tirado vidas de outras pessoas também.
Para qualquer um, que tenha orgulho de ter sido ou ser soldado, minhas palavras feririam o ego e provavelmente eu receberia uma palestra de sermões de volta, sobre como os soldados são heróis e toda aquela coisa que todos dizem. Mas Thomas é diferente, ele até mesmo ri. Será que ele não percebeu que minha critica também o afetava ou ele não ligava tanto quando eu achava que poderia ligar?
 _ Eles estavam construindo uma vida solida por lá. - disse, continuando a contar a historia. _ Mas como não temos o controle dos acontecimentos o pior aconteceu. - falou, tirando todo o humor que estavam em seu rosto a segundos atrás, ele também sentiu a dor da perda de Rick.  _ Ela trabalhava em um escritório que tinha nas Torres Gemeas. – outra parada. _ Rick fora obrigado a socorrer pessoas que ele não conhecia, a cuidar de pessoas que ele jamais vira, mesmo sabendo que sua mulher estava em algum lugar, pedindo socorro, perdida ou já morta, ele não podia negar ajuda para salvar a sua mulher, ele teve que esperar que seus outros colegas a achassem. Infelizmente já morta. - falou ele.
Eu já me senti culpada e fiquei com a mente pesada por varias vezes, como por exemplo, a primeira vez que fugi de casa para me encontrar com Joe, quando eu voltei para casa eu me senti a pior filha do mundo, pois estava descumprindo regras impostas por meu pai e ainda estava mentindo para ele. No final das contas ele descobriu, mas a culpa me torturou por pelo menos cinco dias seguidos. Outra vez foi quando no momento de estresse gritei com um dos meus alunos, não xinguem nem mesmo bati, claro, mas gritei de uma maneira que nunca gritei, tudo isso porque eu já tinha chamado a atenção dele mais de duas vezes, pode parecer bobo, mas eu fiquei mal, porque depois vi que ele ficou realmente assustado comigo, demorou para ele tornar a ter confiança em mim. Resumindo, eu já tive o sentimento de culpa por varias vezes, mas eu posso garantir que nunca foi tão forte como agora. Não, ainda não gosto dele, mas talvez eu tivesse passado um pouco dos limites, talvez ter parado no momento em que ele ameaçou ir embora tivesse sido a melhor opção.
_ Eu fui no enterro dela e, assim como todos os presentes em seu velório, eu pude presenciar a promessa de Rick. - Thomas tornou a falar. _ Ele jurou que não iria para enquanto não vingasse sua morte. - falou com um pesar presente na voz. _ Naquele dia Rick não enterrou apenas a mulher, mas também qualquer tipo de sentimento que ele pudesse ter. - falou. _ Eu vi o Rick, boa gente, feliz, realizado se transformando em um homem frio, calculista, perigoso e sozinho. Talvez eu seja o único amigo que o restou. - parou um pouco e depois tornou a falar. _ Rick agora respira a guerra, ele vive pela guerra e pela vingança que ela pode proporciona-lo, não há mais Rick, o Rick que existia já foi enterrado, agora existe um ódio, apenas isso. - concluiu. _ Eu não estou tentando fazer você gostar dele. Longe de mim. As vezes nem eu mesmo gosto dele. - falou, deixando o humor voltar, nos dois rimos de canto. _ Só quero que saiba que um dia existiu um Rick bom e com sentimentos e que você conseguiu pegar no único ponto fraco que ele tem.
_ Eu ainda não gosto dele. - confessei. _ Mas eu estou me sentindo muito culpada por ter agido daquele jeito, se eu pudesse consertar as coisas eu faria. - falei.
_ Olha Demi, é melhor deixar tudo como esta. - falou ele, me olhando fixamente.
_ Porque? Talvez eu devesse pedir desculpas. - sugeri. Eu levantaria a bandeira branca, ele poderia vir ver Joe, desde que ele se mantivesse longe de mim e não me provocasse, eu prometeria não irrita-lo, nem mesmo contar para alguém sobre este trágico acontecimento em sua vida.
_ Não Demi, você deve abrir bem seus olhos. - avisou ele. O que ele estava querendo dizer com isso? Eu estava correndo perigo? _ Um homem firo, calculista e perigoso. - repetiu. _ Você cutucou a onça com vara curta. Eu não sei se ele irá realmente fazer algo, mas eu posso te dizer que eu tenho 90% de certeza que ele irá tentar fazer algo contra você por ter chegado tão fundo. Eu não sei o quê, nem quando, mas pode acontecer. - avisou.
Estremeci.

A ideia de correr risco de vida não é nem um pouco emocionante quando vista da maneira em que eu estou, isso não me proporcionava nenhum sentimento de adrenalina ou entusiasmo, principalmente por saber que com Rick não teria aquele joguinho para ver quem era mais esperto ou quem conseguiria se livrar das armadilhas um do outro por mais vezes. Talvez acabar comigo ajudasse ainda mais Rick em seu plano, se ele tirasse meu filho e eu do caminho, no caso de Joe acordar, o único caminho que lhe restará será voltar para o exército, assim como Rick deseja. Não teria mais pedras em seu caminho, nada que lhe impedisse.
Havia um caçador, que é Rick e uma presa, que sou eu. 
_ Cuide-se Demetria. - falou Thomas, se levantando e dando lugar a meu pai que acabara de chegar da lanchonete, junto a Logan, Miley e Denise, como era de se esperar meu pai trouxe algo para eu comer.

_ Você está bem morena? - perguntou Miley, provavelmente eu deveria estar branca de medo, pois era isso que sentia. Em um dia eu passei de ansiedade para nervosismo, para culpa, para tristeza, para culpa novamente e agora para medo. Muita coisa para um dia só. Coisa demais para mim.
Eu senti uma dor forte atrás do pescoço. Forte até demais para o meu gosto.  _ DEMI. - foi a última coisa que eu escutei e depois nada além da paz.

CONTINUA...

Peço desculpas pela demora em postar, eu poderia enumerar um monte de razões que justificariam a minha demora, mas por razões pessoais eu prefiro não comentar agora.
Bom, capítulo postado, espero que tenham gostado, o próximo capítulo só será postado no dia 29 (que é feriado) e para compensar neste dia postarei dois capítulos.
Não se esqueçam de comentar/avaliar.
Bjss

Juh Lovato: Todo mundo com raiva do Rick hahahaha, bom, ele vai dar um tempinho agora, mas não garanto que ele não irá voltar depois. Muito obrigada por comentar.
O meu nome lá é Fernanda Carolina.
Bjss linda.
Eriimiilsa: Oi linda, mas agora você já está bem né? Digamos que a forma que Rick encarou a morte da mulher não foi  a melhor, mas vamos ver o que acontece. Pode ser que seu palpite esteja certo, mas pode ser que não, talvez nos próximo capítulo você já tenha a resposta. Muito obrigada por comentar. Bjss.
Diana (DSP): Fico feliz que eu tenha conseguido passar tanto sentimento através da historia. Muito obrigada por comentar. Bjss. 

2 comentários:

  1. Se o capitulo continuasse tão dramático como no ínicio teria que ir pegar uma pacote de lenços.
    Eu amo o jeito que tu fazes com que eu me sinta sempre que leio algum capitulo. É raro quando a gente lê algo e sente a personagem em nós. Só existem duas escritoras que fazem isso comigo e como obvio tu és uma delas.
    E quanto ao medo da Demi... estou com medo junto. Quando Thomas deu esse aviso a Demi coloquei a minha mão no ventre (olha que nem estou grávida, meus pais matavam LOL) mas foi isso mesmo que fiz, porque de certeza é a primeira coisa a pensar. Joe desistiu foi mais pelo filho do que por ela, pois se fosse ele o faria a imenso tempo e talvez essa pode ser a vingança dele pela Demi o ter cutucado. Mais talvez a mulher dele surja quando isso acontecer ( tou viajando)
    Lindo capitulo. :D
    E sim estou melhor graças a Deus :D

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  2. amei ... nossa esse aviso sobre o rick me deixou preocupada ... sabe , eu na minha cabeça acho q o rick vai fazer algo contra o bebê de Jemi ...

    ta bom ... vou ver lá .. mas tenta mandar de novo o convite!

    bjsss

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