quarta-feira, 6 de novembro de 2013

1º Capítulo “Sogrão Caprichou” – Entre o Céu e o Inferno

 

Música Sogrão Caprichou do Luan Santana, sugerida pela leitora dddd

Quando se nasce na cidade de Lewis, no condado de Utah, assim como eu, você só pode ter certeza de uma coisa, o que você fizer durante o dia, será o assunto da cidade inteira durante o jantar e que, sem duvidas, você nascerá em uma família religiosa tradicionalista. A cidade é pequena, mal chega a seus 400 habitantes – quem olha de fora pensa que é uma cidade de interior, mas geograficamente falando, é apenas meia hora do centro da capital do estado, Salt Lake City – em Lewis todo mundo conhece todo mundo, e você provavelmente, por mais que odeie a cidade, irá morar aqui a vida inteira e também irá se casar com a filha ou filho do vizinho. Isso é quase como uma sina, algo que não se pode mudar.
Não seria o meu caso o diferente.

Domingo de noite, igreja, oração antes de dormir e comer, toda a quarta, meu pai e minha mãe sempre se sentavam no sofá, colocava a mim e meus irmãos sentados no chão, e minha mãe, sempre muito bem arrumada para a ocasião, cabelo castanho escovado, na altura dos ombros, pegava a bíblia em sua mão delicada, porém já cansada do trabalho ardo de casa, e nos lia versículos da palavra de Deus. Meu pai, sempre sério, sentava-se ao seu lado e no final sempre dava suas considerações finais.
No ensino médio estudamos no Lewis High School, todos já se conheciam, afinal de contas, todos ali estudávamos juntos desde o maternal, o que tornava as coisas bem mais fáceis em certo ponto. Você sabia desde pequeno em quem confiar e a quem odiar.
É também no ensino médio quando quebramos as regras. É como se diz, quando mais se prende, mas se quer voar.
O armário de zelador, nada aconchegante, nada romântico, mas lá é o lugar mais pecaminoso de toda a cidade, e eu não estou falando de alguns beijinhos ou abraços. Eu perdi minha virgindade ali, junto a Rachel.
Ah Rachel!
Sem duvidas a melhor “santinha” que eu poderia ter escolhido para me amarrar.
Rachel, filha mais nova do meu vizinho, ninguém mais ninguém menos que Jasper Black, o pastor da igreja local. Um ano mais nova que eu, loira, alta, magra, não tinha tantas curvas quando sua irmã, Lara, mas seus peitos, mesmo escondidos por aquele monte de roupas comportadas, faziam um volume de chamar atenção por onde passava.

Rachel e eu nos entravamos no armário do zelador desde que eu tinha 16, mas somente quando completei 18 assumi minha relação com ela frente a seu pai.
Aos 20 pedi sua mão em noivado e desde então passei 4 anos da minha vida enrolando a minha “puritana” noiva e sua família tradicionalista. Até que um dia não teve mais jeito, sendo filha do pastor, ela era o grande exemplo e se casar faz parte de toda essa história.

Fui criado acreditando que o casamento é um matrimonio sagrado e eterno, por isso tentei evitar esse compromisso o máximo possível.
Não que eu não ame a Rachel, ela definitivamente é a mulher da minha vida, foi minha primeira em tudo, inesquecível, uma ótima pessoa para se passar a vida, mas... Eu não me consigo ver vivendo a mesma vida que meu pai e minha mãe vivem, a missão de criar filhos da maneira correta, de passar a vida inteira no mesmo lugar, as mesmas regras, as mesmas pessoas... Ainda mais agora que consegui um ótimo trabalho na empresa de concessionaria na capital, a empresa é grande e meu cargo é na gerencia. O momento em que saio de casa e vou para o meu trabalho é o único em que eu realmente sinto que faço parte de um mundo.



_ JJ.- gritou Nicholas ao entrar no meu escritório. Nicholas é sem duvidas o meu grande amigo, conheci-o aqui onde trabalho, ele cresceu na capital em uma família super aberta, no inicio houve um claro choque, nós crescemos de maneira totalmente oposta, mas no final das contas serviu para uma bela troca de experiência.
_ Nicholas, você poderia ser menos escandaloso? – perguntei, nosso patrão Sr. Potter, que de muito me lembra do meu pastor e sogro James, odiava barulho e minha sala ficava bem ao lado da sua, Nicholas e sua constante animação nunca foi muito bem vinda, se Nicholas não fosse tão bom no que faz, sem duvidas não tinha durado uma semana nesta empresa.
_ Desculpe amigo, mas você também irá pirar quando eu lhe disser o que temos para você. – disse se aproximando da minha mesa. Hoje o dia estava tranquilo, o que, ao contrario do que parece, não é nada bom, culpe a crise econômica que parece nunca realmente passar, carros movimentam a economia, mas quando há crise é o primeiro item a ser cortado da lista dos consumidores. Concluindo, quando menos compradores, menos contratos para assinar, com isso grande parte do meu tempo naquele escritório era ócio. _ Preparado? – revirei os olhos.
_ Fale. – disse me preparando psicologicamente para a bomba.
_ Daqui a seis dias você vai se casar, temos que ter uma despedida de solteiro.
_ Nicholas... – tentei interrompe-lo, mas fui drasticamente ignorado.
_ Essa tal festa na sua casa será um porre, sem bebida? Sem mulheres com decotes até o umbigo? Isso não é uma despedida de solteiro é um velório sem defunto.
_ Tá, tá, o que você sugere então? – perguntei.
_ Preparado? – perguntou ele novamente, fiz que ‘sim’ com a cabeça, mesmo não estando. _ Que Joe Adam Jonas se prepare, pois eu, você, Edgar e Kevin, passaremos quatro dias em Las Vegas!
_ Não!
_ Sim!
_ Não.
_ Sim.
_ Nicholas, eu não posso.
_ Como assim JJ?
_ Las Vegas, cassinos, boates... Você acha que Rachel vai aceitar isso? Nunca!
_ Quem disse que a Rachel precisa saber?
_ Ela é minha noiva.
_ Mais um motivo para você não dizer a verdade. – disse ele, pegando a cadeira da frente da mesa, pondo ela do meu lado e se sentando nela. _ Um relacionamento não dura sendo verdadeiro, verdade machuca, mentira conforta. Você quer machuca-la com conforta-la?
_ A sua visão do que é um casamente me assusta. – falei. _ Honestidade sempre foi base de tudo.
_ Joe, pro seus pais você ainda é um virgem orgulhoso. – falou. Ele estava certo nessa parte. _ Mentir para os pais é mais errado do que mentir para a noiva. – falou.
_ Se você esta tentando me fazer sentir melhor esta fracassando.
_ A única coisa que eu estou tentando aqui é te levar para Vegas, nada mais que isso.
_ E o que eu falo para a Rachel?
_ Viajem de trabalho.
_ Não é minha missão fazer viagem de trabalho.
_ Agora é. – bateu em meu ombro. _ A passagem já esta comprada, sem reembolso. – disse se levantando da cadeira. _ Sairemos amanhã. – falou indo em direção à porta. _ Será a melhor despedida de solteiro de todos os tempos. – comemorou na porta e saiu.

Nicholas tinha razão, Las Vegas era um ótimo lugar a se ir e essa seria a minha única oportunidade de aproveitar o local, mas começar um casamento mentindo não era certo...


O dia passava lentamente. Dois contratos foram fechados, quadro xicaras de café para conseguir me manter acordado quando não tinha nada a se fazer, e alguns neurônios queimados enquanto eu tentava pensar em alguma desculpa a meus pais e a Rachel para me ausentar por quatro dias.

O telefone toca.

_ Sim.
_ Senhor Joseph, sua mulher esta na linha. – disse Magda. Magda é a recepcionista e secretaria da empresa, a coitada fica o dia inteiro passando telefone para os gerentes e outros funcionários por aqui. Apenas o Sr. Potter tem sua secretaria particular, Vivian. Já nós, seus pobres funcionários, somos obrigados a disputar o direito de ter a atenção de Magda.
_ Pode passar. – falei.
Mas o que Rachel quer agora?
_ Oi amor. – disse ela com voz sensual do outro lado da linha, sorri instantaneamente, a sua voz só podia significar uma coisa, ela estava sozinha em casa...
_ Oi minha linda, como você esta hoje? – perguntei.
_ Muito bem, muito melhor agora e tenho certeza que ficarei bem melhor depois. – não era necessário dizer mais nada para que eu ficasse excitado. Olhei para o relógio, meu horário de trabalho terminaria em vinte minutos, se eu corresse um pouco conseguiria desviar-me do transito infernal das grandes cidades e talvez conseguisse chegar mais rápido.
_ Onde esta seu pai? – perguntei.
_ Meus pais saíram hoje mais cedo para buscar uma tia minha em Nevada, ela vai vir mais cedo para ajudar nos preparativos finais do casamento, mas parece que por lá esta tendo um forte vendaval, aí você sabe, não é? Não querem se arriscar, virão amanhã. – finalizou.
_ Perfeito. – falei. Rachel não disse nada, mas eu pude escutar o seu sorrisinho de menina travessa do outro lado da linha.
_ Deixarei a porta dos fundos aberta para ti, não entre pela frente, tenho certeza que Dona Clara ficará a noite inteira me vigiando da janela. – falou. Dona Clara sem duvidas é a crente mais devota que você pode se quer imaginar, do tipo que chega uma hora e meia antes do culto começar na igreja. Porem o que tem de devota, tem de fofoqueira, observa tudo e a todos com olhos de gavião – o que é bem estranho já que ela sempre tem que pedir alguém para ler algo para ela, pois, de acordo com o que ela fala sua visão já esta ruim. – Se Dona Clara desconfiasse do que ocorre no armário do zelador...
_ Irei voando.
_Bom mesmo, eu estou morrendo de saudades.
_ Eu também, aguente só mais um pouquinho. Se cuide meu amor.
_ Se cuide meu amor. – desligamos. Olhei o relógio 15 minutos.

Saí do escritório desviando-me de todos como um toureiro desvia do touro.
A logica era simples, quanto mais rápido eu saísse dali menos engarrafamento eu pegaria e mais rápido eu chegaria à casa dos meus sogros.


Chegue pela rua de trás, longe da vista de Dona Clara.  Desliguei os faróis do carro. Quanto mais discreto melhor.
Quando saí do carro olhei bem para todas as direções, para ver se ninguém observava, vai saber quantas outras  ‘Dona Clara’ estavam alerta hoje.
Como prometido, a porta de trás estava aberta para mim. Entrei.
Aquela casa já era mais que conhecida para mim, cada enfeite, a maioria vinha dos seus antepassados...
A cozinha estava arrumada, e com as luzes apagadas, fui para a sala e lá o estado era o mesmo, tudo em seu devido lugar, mas totalmente no escuro. Percebi que Rachel tomou o cuidado de fechar todas as cortinas. Como eu disse, os olhos de Dona Clara eram olhos águia, não duvido nada que ela seria capaz de me ver ali, caso as cortinas estivessem abertas. Escutei um barulho vindo da parte de cima da casa, subi as escadas e lá no fim do corredor pude ver a luz acesa. A luz do quarto de Rachel.


Lá estava ela, de batom vermelho e uma camisola praticamente transparente, nem mesmo sei como ela conseguiu aquilo, em nenhuma loja de Lewis vendia artigos assim.

_ Como está o meu futuro marido? – perguntou, fazendo uma pose sensual ao se deitar na cama. Eu entrei mais em seu quarto, fechei a porta atrás de mim e tirei meu paletó, colocando-o no encosto da cadeira da sua escrivaninha.
_ Muito bem, adorando a visão que esta tendo. – respondi, me aproximando mais ainda de Rachel. Ela sorriu travessa.
_ Vem cá, nós só estamos começando. – falou ela. Atendi sem pensar duas vezes.

(...)

Mal tínhamos recuperado o folego e Rachel já queria passar para o segundo round.

_ Rachel. – chamei-a interrompendo-a. Ela estava sentada, com a coxa me rodeando a cintura. _ Eu preciso falar uma coisa antes. – falei. Ela parou e olhou-me atentamente. Esperando. _ Eu vou precisar fazer uma viagem, amanhã. – falei. Rachel continuou no mesmo lugar, mas pude ver pela sua expressão que ela não estava tão feliz com a notícia. _ É uma viagem de trabalho, não posso negar. – ela saiu do meu colo e se sentou do meu lado, ‘levantei-me’ e me recostei em meus cotovelos.
_ Nós vamos nos casar em seis dias! – lembrou-me alterando um pouco o tom da voz.
_ São quatro dias apenas, eu vou voltar um dia antes do nosso casamento, é o suficiente. – defendi-me.
_ Não, não é o suficiente, minha tia que chegará amanhã perguntará por você, e eu vou ter que falar que você viajou, isso vai ser humilhante, esses últimos dias tinham que ser apenas para nós, para ficarmos juntos, olhar se tudo está sendo feito da maneira certa. – indagou.
_ Oh meu amor. – falei, levantando-me mais e dando-lhe um beijo em seu ombro descoberto. _ Não fique brava comigo, você tem que entender que é meu trabalho, se você trabalhasse talvez tivesse que passar por isso também.
_ É mais não trabalho. Mulher que se presa fica em casa a espera do marido. – repetiu o que ela deve escutar desde que estava no útero da mãe. É assim que a tradição das famílias de Lewis pensa e é isso que terei que passar para os meus futuros filhos.
_ Mulher que se presa também não contradiz o marido, aceita as coisas como são, e você não esta fazendo isso. – aproveitei-me da situação. Rachel suspirou frustrada. Eu tinha vencido.
_ Um marido de respeito faz a mulher feliz e você não esta me fazendo. – disse ela, fazendo beicinho.
_ Ah não? – perguntei, posicionando-me a frente dela.
_ Não. – respondeu, mantendo o beicinho.
_ Pois vamos ver se você fica feliz agora. – disse, dando-lhe um beijo quente e a deitando na cama novamente. Assim que separamos os lábios, me posicionei entre suas pernas e fiquei de joelhos encima da cama. A visão daquela mulher deitada a minha frente me fez delirar. De uma coisa eu tenho certeza. Meu sogrão caprichou.
CONTINUA

Olá a todos, estou de volta com a nova fic, espero que tenham gostado desde primeiro capítulo. Provavelmente eu só postarei na quarta-feira e domingo, pois são os únicos dias em que eu tenho o dia inteiro para mim, pode ser que eu poste em outros dias também, já que eu estou aproveitando todos os tempinhos mais livres para escrever, mas garantido é só esses dois dias mesmo.
Agora eu estou em dia com as fics que eu leio, pela primeira vez neste ano, então eu vou poder comentar com mais frequência J Assim eu espero.
Não se esqueçam de comentar/avaliar

bjssss

6 comentários:

  1. Amei
    Just saying mas acho que o Joseph não devia ter tanta certeza que a Rachel é a mulher da vida dele xD
    Mal posso esperar pelo 2° capitulo
    Beijo

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  2. A-R- A -S -O- U COLEGA ASFJLXAKLDAHL u_u
    Aguardando o proximo capitulo
    beijos

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  3. Aaahgosteii essa Rachel parece com umas que eu conheco kkkkk posta logo bjs :-)

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  4. Que lindo!
    O meus primeiros capítulos são sempre um horror mas o seu é perfeito!
    Posta logo.

    Beijos :)

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  5. Finalmente consegui comentar.Fiquei um tempo fora do blogger porque no meu blog ninguém comentava.A Diana (DSP) pediu para eu voltar e voltei.Se não fosse ela,não estaria aqui no blogger. Estou gostando da fic. Vai ainda no inicio mas parece ser muito boa.Gosto da sua forma de escrita.
    Pode me ajudar no meu blog? Se gostar da história pode comentar? Os 28 seguidores que tenho enganam muito e estou triste com isso.Tenho uma história inteira já na minha cabeça, sei que sou uma má escritora, mas como tenho a Diana a me ajudar achava que se tornava mais fácil mas me enganei.

    Posta logo.

    Beijos.

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