sexta-feira, 28 de abril de 2017

1. O Segredo de Sara (Parte 1)



Durante as férias

                              Falta pouco mais de uma semana para que as férias de verão acabar, e mesmo faltando tão pouco tempo, Sara não quer pensar na escola, mas sim em seu namorado, que passou a maior parte do tempo em outro estado, ajudando a construir casas para os pobres.
                               Só de pensar nisso, Sara já revira os olhos.
                               Mas hoje é o dia em que ele vai voltar, em poucas horas os dois estarão nos braços um do outro.
                               – Senhorita Sara, o seu banho já está pronto. – diz Eleonora, sua empregada. – a senhorita precisa de mais alguma coisa? – Sara pensa um pouco e diz.
                               – Você colocou pétalas de rosas na banheira? – pergunta.
                               – Sim senhorita. – responde e ri boba.
                               – Porque você está rindo? – Sara pergunta séria. – Você está querendo insinuar alguma coisa? – Eleonora arregala os olhos.
                               – Claro que não senhorita.
                               – Então você acha que eu sou boba? Objeto de piada talvez?
                               – Claro que não, claro que não. – dá para sentir o desespero na voz de Eleonora, mas isso não afeta a Sara, que segue deitada em sua cama King Size, com uma expressão séria. – Eu te respeito muito senhorita.
                               – Não é o que eu estou vendo. – contrapõe a garota.
                               – Eu só acho bonito isso, tomar banho de rosas, é romântico. – ela tenta se explicar.
                               – Cale a boca. – Sara grita. – Quer saber? Você, e sua boca sorridente, não vão me atrapalhar. – suspira. – Não preciso de mais nada, pode se retirar. – diz mais calma.
                Eleonora sai sem pestanejar.
                               Sara pula para fora da cama e vai se despindo até chegar a seu banheiro privativo. Lá a banheira já está cheia, as bolhas de espumas estão na medida certa, assim como as pétalas de rosas. Eleonora podia ser inconveniente, ao olhar de Sara, mas nem mesmo ela pode negar que a empregada faz um bom trabalho.
                               O banho de banheira dura quase meia hora.
                               Ao sair da banheira, Sara penteia seu cabelo bem superficialmente, e depois o amarra em um coque alto, do jeito que seu namorado, Ricardo, mais gosta.
                               Sara se embrulha na toalha e volta para o quarto, hora de procurar a roupa ideal.
                               O closet, mesmo grande, está cheio, são roupas novas e de grife. Sara procura por algo comportado, pois sainhas e shortinhos não são bem vindos à casa do namorado.
                               Ela escolhe um vestido branco e florido, ele vai ate os joelhos. Como é de alcinha, Sara coloca um casaquinho de renda branco por cima, para esconder um pouco mais os braços. O sapato já é algo mais difícil de escolher, são tantas opções...
                               Após muito procurar, ela se decide por um sapato de salto Rosa Nude.
                               Sara desce para o primeiro andar de sua casa e encontra seus pais na sala. Isso é algo raro.
                Sua mãe está concentrada em seu IPAD, provavelmente analisando ou estudando melhor uma futura cirurgia, já seu pai, está lendo o jornal, ambos estão na sala de estar, um ao lado do outro.
                               – Você vai sair? – seu pai pergunta, assim que a vê.
                               – Vou. – Sara responde, mas assim que olha para o pai, percebe que ele já não presta atenção nela. – Vou a uma boate onde posso comprar drogas. – ela diz sem medo e comprova que eles não estão escutando-a, pois eles nem mesmo dizem nada.
                               Sara revira os olhos e percebe que não há o que fazer ali. Após decidir que não irá comer seu café da manhã, mesmo ainda faltando horas para a chegada do namorado, ela resolve ir até sua casa, e assim poderá fazê-lo uma surpresa.
                               A casa do namorado não fica longe, apenas dois quarteirões o separam, mas ainda assim, Sara não recusa usar sua limusine para chegar até lá.
                No caminho, ela decide ligar para sua amiga, Rebecca. As duas haviam conversado ontem anoite, e Rebecca não parecia se sentir muito bem, mas tampouco revelou o que era. Isso incomoda a Sara em altos níveis, pois ambas sempre compartilhavam tudo, de segredo sujo até as roupas caríssimas.
                O telefone chama, chama e chama, mas Rebecca não atende.
                Sara pensa em talvez ir a casa da amiga, afinal, Ricardo, seu noivo, não chegaria em menos de uma hora...
                – Chegamos senhorita. – diz Rick, o chofer. Sara não responde, ainda está indecisa se ela irá ver a amiga ou se fica e faz uma supressa ao namorado. – Senhorita? – Rick o chama, sem saber se a patroa escutou.
                – Eu já escutei. – Sara responde grossa, e por ficar irritada, decide descer ali mesmo. Ela ainda teria a chance de conversar com a amiga.
                Os funcionários da casa dos avós de Ricardo já conhecem bem a Sara, então ela não tem muita dificuldade para passar pela portaria e chegar até a grande sala da casa.
                Quando chega, Sara se senta confortavelmente no sofá, mas logo se sente incomodada com a aparição de Heitor, o irmão mais velho de Ricardo.
                – Sinto lhe dizer, mas perdeu sua viagem. – Heitor diz, sem cumprimenta-la, ele nem mesmo a olha direito.
                – O que você quer dizer com isso? – Sara pergunta.
                – O voo do meu irmão foi cancelado, parece que haverá um tufão na região em que ele está. – Heitor responde sem dar muita importância, mas Sara entra em desespero.
                – Como assim um tufão? – pergunta de olhos arregalados, se levantando do sofá num pulo.
                – Fique tranquila, o hotel em que ele está tem pareces mais fortes do que um cofre de banco. – Heitor dá de ombros.
                Isso tranquiliza a Sara, mas a incomoda, será mais um dia longe de seu amor.
                – E seus avós? – ela pergunta.
                – Viajaram também. – ele responde. – Caribe, conhece? – ele pergunta sorridente e sarcástico.
                – Não finja amizade, você não gosta de mim. – Sara diz.
                – Eu não tenho nada contra você. – Heitor acha graça. – Só não entendo vocês.
                – Vocês? – Sara não entende o que o rapaz quer dizer.
                – Você e meu irmão. – Heitor se explica enquanto vai ao armário de bebidas do avô e pega a garrafa de uísque. – Vocês não fazem sentido.
                – Você não faz sentido. – Sara contrapõe.
                – Não se faça de besta, você gosta de mostrar que é “a doce menina boba”. – ele a zoa, e a entrega um copo com uísque. – quer? – ela hesita.
                – Não. – ela responde e Heitor ri.
                – Sim, você quer. – ele garante. – mas é como eu disse: você tem que manter a face de “doce menina boba”, pois é esse tipo de menina que meu irmão gosta.
                – Você não sabe de nada. – Sara tenta dizer, mas é interrompida.
                – Eu conheço você, Sara. Você não é o tipo de garota que espera pelo casamento para se relacionar sexualmente, nem mesmo que nega bebida ou que larga a balada para participar de grupos de orações, nem mesmo que fica se cobrindo com panos e panos de roupas... – Sara quer contrapor, mas Heitor tinha razão.
                – Eu mudei, seu irmão me mudou. – ela mente.
                – Não mudou não. – Heitor diz. – E é isso que eu não entendo. Se ele não gosta de você pelo que você é, porque você insiste em continuar com ele? Não é pelo dinheiro, pois você também é rica, não é por sexo, porque isso ele não te dá...
                – Ele é carinhoso. – Sara responde. Heitor parece pensar.
                – Você é realmente tão carente que larga tudo por apenas um pouco de carinho? – Heitor pergunta. Sara fica surpresa consigo mesma, pois ao invés de responder, ela se pega pensando na pergunta.
                – Acho que vou embora. – Sara diz.
                 – Ei, espere. – Heitor pede. – Me desculpe, não queria te ofender, só queria entender melhor. – Sara para e volta a encarar Heitor.
                – Você nunca vai entender. – ela responde, pois nem mesmo ela entende.
                – Você não sente falta? – Heitor pergunta. – Do que era antes?
                – Sim. – Sara responde fraco.
                – Então aproveite o hoje. – Heitor sugere. – Meu irmão deve chegar amanhã. Aproveite o dia de hoje para matar a saudade da antiga Sara. – ele insiste.
                Sara pensa.
                – O que você sugere? – pergunta claramente interessada na sugestão.
                – Que tal começar com um uísque? – ele pergunta sorrindo, levantando ao ar o copo de uísque que acabara de oferecer a Sara e que fora recusado.
                Desta vez ela aceita.

Continua


Olá gente, primeiro capítulo postado, sei que ele está um pouco grande, mas foi necessário, prometo que os próximos serão menores.
Comentem o que acharam.

Muito obrigada.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Prólogo





Mas um ano escolar se inicia, e esse tem um quê de importância, é o último ano do Ensino Médio, é o último ano no Colégio, o último ano estudando juntos, é o último ano para decidirem qual rumo darão a suas vidas...
– É com grande prazer que o Colégio Émilie du Châtelet abre as portas novamente, para mais um ano de intenso aprendizado... – A diretora Ivone começa seu discurso.
Enquanto a diretora fala, poucos a escutam.
– Olhando assim nem parecem dois virgens. – Lucas zoa, e seus amigos riem. Ele se refere a Sara e a seu namorado, Ricardo, ambos se agarram no canto da quadra.
– Vai cuidar da sua vida. – Ricardo responde, pois agora que todos os olham, o clima quente com sua namorada foi destruído.
– Virjões! – Lucas fala alto, chamando atenção de mais gente. Alguns em resposta a brincadeira de Lucas, riem, outros viram os olhos, o ano nem mesmo começou e já estavam cansados do comportamento do garoto.
Lucas é brincalhão, mas não do tipo que todo mundo gosta, do tipo que irrita, perturba, mexe na ferida. Participa do time de futebol da escola e graças a isso conquistou um corpo escultural, cabelo preto, pele branca, recentemente, num ato de rebeldia, colocou um alargador em sua orelha esquerda. O Colégio Émilie du Châtelet é um colégio para jovens ricos, que cuidam da aparência mais do que das suas notas, Lucas chegar usando um alargador o deixou no centro das atenções, onde ele sempre gostou de estar.
Ricardo fica vermelho de raiva, mas ele é pacifico e não ataca, apenas olha para a namorada, que esta claramente chateada.
– Não fique assim, você sabe que ele é desse jeito. – Ricardo conforta a namorada. – O importante é que estamos fazendo o certo. – Ricardo garante.
Ricardo é um cara bonito, alto, cabelo castanho escuro, seu olhar é penetrante, e seus olhos são verdes. Ele e seu irmão mais velho foram criados pelos seus avós, após a morte trágica de seus pais. Seus avós são ricos e conservadores. Eles os criaram com preceitos cristãos, e isso influencia muito a Ricardo, é por causa dele que ele e Sara nunca tiveram relações sexuais, mesmo já namorando há quatro anos. Sexo apenas após o casamento. Apesar disso, ele não nega uns amassos vez e outra.
– Não estou chateada por isso. – Sara responde.
– Então porque ficou assim? – Ricardo pergunta preocupado.
Sara é uma garota que muitos chamariam de modelo de beleza: 1,67 de altura, traços leves, pele branca, cabelo longo e loiro escuro. Também de família rica, ela sempre se acostumou a ter tudo o que quer. Apesar de mima-la os pais pouco se fazem presentes em sua vida, mas na questão da faculdade, ambos são bem incisivos, ela seguirá o mesmo caminho que as últimas quatro gerações tomaram, fará Medicina e se tornará Medica Cirurgiã.
Sara olha para o namorado, ela pensa em falar o que a aflige, confessar, mas o olhar dele é tão forte, tão penetrante...
– Não é nada. – ela suspira. – Quero dizer... Tem a Rebecca... Ela está estranha. – Sara desenrola. – Estou preocupada com ela.
– Você a viu nessas férias, não a viu? – Ricardo pergunta.
– Sim. – Sara responde. – Mas... É como eu disse... Ela ficou estranha do nada. – Sara não mente. Ela conhece Rebecca desde pequena, as duas são melhores amigas desde sempre, as duas sempre foram confidentes uma da outra, mas isso mudou nessas férias de verão.
– Tente conversar com ela hoje. – Ricardo incentiva.
– Falar é fácil. Eu aposto que você não conversará com o Rafael se eu pedir.
– Rafael é diferente, eu sou amigo dele... Quero dizer, eu era amigo dele, mas não muito amigo; você é Rebecca são amigas desde quando vocês ainda engatinhavam.
– Ainda acho que você deveria falar com ele.
– Foi ele que se afastou. – Ricardo dá de ombros.
– Vocês dois fazem parte do time, vocês tem que ser amigos. – Sara insiste.
– Lucas também faz parte do time, você quer que eu vire amigo dele também? – Ricardo pergunta, acabando com o argumento da namorada.
– Eu só acho que valeria a pena insistir... Talvez por mim? – ela faz graça e Ricardo faz uma careta.
– Sara... Eu já tenho outras preocupações...
– Como? – ela pede um exemplo.
– Meu irmão. – Ricardo responde.
– Como assim seu irmão? – Sara pergunta assustada e Ricardo estranha, mas não comenta.
– Ele desapareceu, estamos todos preocupados. – Ricardo responde.
– Seu irmão é um louco... – ela ri. – Ele logo deve voltar. – da de ombros.
Ricardo franze a testa à namorada.
– O que foi? – ela pergunta.
– Ele é meu irmão, Sara. – ele fala um pouco decepcionado. – Minha família. – Sara olha para o chão, arrependida.
– Você se importa com ele, não é?
– Claro que sim. – Ricardo não pestaneja em responder. – Ele é meu irmão e eu o amo. – Sara fica sem saber o que dizer. – Eu também amo você. – Ricardo toca o queixo da namorada, fazendo com que ela o olhe. Para ele isso é um gesto de carinho, mas nesse exato momento, para Sara, esse é um gesto de tortura. – Eu a amo e também amo a ele. Ele sempre será meu irmão, e você é minha noiva, minha futura mulher. – Sara sorri fraco.
– Me desculpe. – ela pede e Ricardo, em resposta, a abraça forte.
Aplausos começam a ecoar na quadra. A diretora acabou seu discurso.
Agora é oficial.
Um novo ano começou.

Continua

Olá gente, estamos de volta, agora com uma nova história, na qual espero que vocês gostem.

Comentem o que acharam ;)

terça-feira, 18 de abril de 2017

Dupla Fatal: Feliz Aniversário Nanda Carol

Venho aqui para agradecer a Diana Pinto, pelo post que ele fez em minha homenagem para meu aniversário.
Muito obrigada Diana, você é uma autora que eu admiro muito, e que quero acompanhar por muito mais tempo.

Dupla Fatal: Feliz Aniversário Nanda Carol: Olá! Hoje (16/04) é o aniversário de uma pessoa especial para mim. Ela foi a primeira brasileira a comprar o meu livro "A Escola do ...

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sinopse: Secrets



Quatro jovens enfrentam seu drama pessoal enquanto fingem a vida perfeita em seu meio social. Mas os segredos que eles tanto lutam para esconder podem vir à tona a qualquer momento.  

Lucas

Rafael

Sara

Rebecca

domingo, 9 de abril de 2017

Apresentação de Nova História



Olá a todos, agradeço pela compreensão de vocês, e hoje estou voltando com o blogger.
Essa nova história foi indiretamente escolhido por vocês. Caso vocês não se lembrem, eu abri uma pesquisa para que vocês falassem qual gênero deveria ter a próxima história, eu tinha já a ideia para todos os gêneros, e queria saber quais vocês preferiam, e como podem ver, quem ganhou foi Drama.
Eu iria gostar de qualquer um que fosse o resultado, mais fiquei bem empolgada pelo fato dessa opção ter sido a ganhadora. Nessa semana postarei a sinopse e estarei fazendo as modificações no blogger, mas já posso dizer que o nome da história será “Secrets”.

Espero que vocês gostem.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Esclarecimento

Devido a problemas pessoais, não estou cumprindo com as datas aqui no Blogger. 
Assim que tudo estiver solucionado, retornarei com a nova história.
Agradeço a compreensão. 

domingo, 2 de abril de 2017

10. Lara (Parte Final) - Último Capítulo

Acordo.
Sei que não é a primeira que acordo desde a noite que fui arrancada de minha casa, mas tampouco lembro o que ocorreu das últimas vezes que eu acordei.
Sinto que estou voando, meus pés não tocam o chão e meu corpo parece leve, como se eu pesasse menos que uma pluma, meu cabelo voa, o que me faz pensar que estou caindo, mas sei que não estou, pois flutuo, como se eu estivesse em um taque cheio de água, para ser bem sincera, eu estou em um tanque, vejo uma parede de vidro, que me engloba 360 graus, como um tubo, porém eu respiro normalmente e minha visão está tão translucida quanto antes, então por que flutuo? E onde estou?
Um homem aparece em minha frente, ele observa atentamente, com um caderno na sua mão, ele não me toca. Se mantem todo o tempo apenas me olhando e anotando sabe-se lá o quê. O homem tem os cabelos dourados, que mais parecem serem fios de ouro, seus olhos são claros, verdes. Ele é bonito. Mas seu olhar me apavora.
Outro homem aparece atrás dele. Este é um pouco mais baixo, tem cabelo preto, e é bem magro.
_ Ela parece acordada. – diz o homem de cabelo preto.
_ Sim, ela está. Ela também já está pronta. – diz o homem que tem cabelos de ouro. Sua voz me soa familiar.
_ Isso é bom, a minha última pupila está pronta. – diz o homem, maravilhado. Eu sei que tudo que escuto parece um absurdo, até mesmo penso ser um sonho, afinal de contas, nada aqui parece ser vida real, talvez seja por isso que eu não consigo reagir.
_ É melhor chamar Eraqen, ainda não sabemos o que eles podem fazer. – eles? Isso está ficando mais louco do que o previsto, e quem é Eraqen? Que tipo de pai escolhe um nome desses? Ou melhor, como minha mente foi capaz de criar um nome desses? Afinal de contas, sonhos são feitos pelo seu subconsciente, ainda que você não saiba.
_ Está preparado para controla-los? – pergunta o mais baixo. O cabelo de ouro suspira, vejo o vapor que isso faz no tubo em que estou.
_ Sim, senhor.
_ Então, liberte-a. – diz o de cabelo preto. Fico feliz em saber que serei libertada, mesmo sabendo que só se trata de um sonho, ouvir esta palavra faz meu coração palpitar de alegria, mesmo sem eu saber o motivo.

Acordo novamente.
Agora estou deitada em uma cama, o que me deixa aliviada, pois tudo não se passava de um sonho. Porém, todo o sentimento de alivio se esvai de mim assim que percebo que não sei onde estou. A cama na qual me deito não é a minha cama, o quarto em que estou não é o meu quarto. Seria este mais um sonho, ou no fim tudo é real?
Levanto-me, tentando assimilar tudo o mais rápido possível, preciso saber onde eu estou e, principalmente, como sair daqui.
O quarto é pequeno e minimalista. Uma cama, um espelho do lado direito, preso na parede; uma mesa pequena e quadrada, com apenas duas cadeiras, do lado esquerdo, e claro, uma porta e uma janela. Vou até a janela e percebo que ela é fosca, o que me não me permite ver com detalhes o que há do lado de fora, porém vejo muito verde, o que me indica que estamos em um lugar rodeado por natureza, seria lindo, se eu não morasse no meio de uma cidade grande, em que o verde é raro.
Estar na natureza significa estar longe de casa, e estar longe de casa significa que terei dificuldades de voltar para ela.
Tento empurrar a janela com as mãos, mas ela não se move. O que, nesta altura, já deveria ser bem óbvio para mim.
Afasto-me um pouco da janela e dou uma breve olhada no espelho. Estou vestida com uma calça preta, que parece ser de moletom, e uma blusa de manga cumprida, branca, meias brancas calçam meus pés. Estas não são minhas roupas, eu nunca escolheria essas peças, mas pelo menos são confortáveis, não me atrapalharia caso eu precisasse correr. Estou com o cabelo amarrado, o que geralmente eu não gosto, então o desamarro, deixando-o cair em meus ombros.
Escuto um ruído atrás de mim, me viro e logo a frente da porta está o homem de cabelo de ouro, solto um grito, assustada, e me afasto, andando de costas, até bater com tudo na parede.
_ Não irei te machucar. – diz ele, e agora posso reconhecer sua voz, ele é o mesmo homem que invadiu minha casa. Sinto meu coração se acelerar como nunca. _ Poderia se sentar, por favor. – diz, gesticulando em direção à mesa.
_ Não. – tento responder. Minha voz sai fraca.  Ele não diz nada. Apenas ajeita sua postura, ficando mais ereto.
Eu não quero ir. Mas vou. Não porque tenho medo dele, nem porque quero obedece-lo, mas sim porque meu corpo me obriga a ir, é como se eu tivesse perdido o controle dos meus movimentos.
Sento-me, sinto meu corpo pesado, o me faz sentar de maneira encolhida, corcunda. Entretanto minha respiração fica mais calma e meu coração para de disparar, não entendo o motivo de o meu corpo estar fazendo isso, eu ainda estou sentindo medo, não há motivos para eu me acalmar. Será que eu estava desmaiando?
Espero que a escuridão chegue, mas ela não chega.  Eu não irei desmaiar.
A porta se abre e o outro homem, o de cabelo preto, entra.
Ele anda diretamente até onde estou, e se senta na cadeira a minha frente.
_ Liberte-a. – diz, olhando para o homem de cabelo de ouro. Não entendo o porquê de ele insistir em falar isso.
Não sei o que acontece neste momento, mas não sinto mais o peso me puxando para baixo, agora eu consigo me erguer e sentar-me menos deselegante. Meu coração volta a se acelerar, não tanto quando estava antes de eu me sentar, mas ainda assim, bate mais rápido do que o normal.
_ Olá Lara. – o homem de cabelo preto diz. Não respondo. _ Meu nome é Bartolomeu, e este. – diz olhando para o de cabelo de ouro. _ É o Dalton – ele parece esperar que eu diga algo, mas eu sigo muda. _ Eu sinto muito pela forma em que tudo vem acontecendo, mas foi necessário– ele diz sério. _ Você quer falar algo? – pergunta. Continuo sem dizer nada. O homem de cabelo preto, Bartolomeu, que até a pouco parecia bem animado, agora olha para o homem de cabelo de ouro, Dalton, como se eles estivessem se comunicando. Olho para Dalton e as palavras começam a jorrar da minha boca.

_Meu nome é Lara Sullivan, tenho 19 anos, e... – não entendo o porquê estas palavras vêm e minha mente, nem mesmo sei seu significado, mas eu sinto que devo dizê-las. _ sou uma Statera Ilegal.




Fim (?)

Antes de tudo, eu sei, nada parece fazer sentido, mas calma aí, você logo entenderá.
Vamos pensar, a história se chama "Antes de Ilegais", e se existe um antes, isso significa que existe um depois, não é? 
Basicamente é isso, toda esta história era apenas uma introdução para uma história maior ainda e em breve passarei mais informações a vocês sobre a continuação desta história.
No mais, quero agradecer a todos que acompanharam, espero que tenham gostado.
Muito obrigada por tudo